Muído Potiguar: programa dá voz para histórias que enchem de vida bairros de Natal

O programa Muído Potiguar segue em 2022 dando voz para as histórias que enchem de vida os bairros de Natal, com um conteúdo irreverente e descontraído com o objetivo de fortalecer ainda mais a identidade dos moradores de cada lugar visitado. No último dia 15, o programa exibiu um episódio especial sobre o bairro de Ponta Negra – onde está localizado um dos principais pontos turísticos da cidade. No próximo dia 30, será a vez do bairro Felipe Camarão, um dos maiores da Zona Oeste da capital.
A banda Grafith faz participação no programa, assim como o projeto “Conexão Felipe Camarão”, que existe desde 2002 e conecta os jovens do bairro com a cultura potiguar. Com realização da HD Produções, o Muído Potiguar tem exibição no canal oficial do projeto no YouTube e no canal 100 da Cabo Telecom.
Protagonizado pela artista e influenciadora digital Fernanda Guimarães, o Muído estreou no mês de novembro de 2021 e vem alcançando milhares de visualizações na internet, trazendo um alto engajamento do público com a história e as curiosidades dos bairros. A Cultue conversou com as principais responsáveis pelo projeto, Fernanda Guimarães e a produtora cultural Haylene Dantas. Confira:
Revista Cultue – Como surgiu a ideia de postar no TikTok um vídeo sobre o Alecrim na pandemia? Como foi se deparar com a repercussão desse vídeo?
Fernanda Guimarães – Não foi bem uma ideia, foi uma brincadeira sem pretensão, de quem estava entediada na pandemia, e acabou viralizando. Foi estranho porque eu nunca estive inserida nesse mundo de ser muito vista e nunca desejei estar também. Hoje em dia sou super adaptada e adoro.
Cultue – Para você, qual é a importância de falar sobre Natal e sobre características potiguares?
Fernanda Guimarães – A importância é resgatar a história e cultura que, muitas vezes, até os nossos governantes tentam apagar. É aproximar o potiguar da paixão por sua terra, cultura e história. O que me chama atenção é a maneira como as pessoas são sedentas por um projeto como o Muído Potiguar. Quanto elas queriam que existissem mas projetos que fizessem o mesmo, que mostrassem para quem está dentro e quem está fora, que nossa terra e povo tem o seu valor.
Cultue – Você é uma pessoa que se posiciona politicamente nas redes sociais. Qual é a importância de influenciadores e formadores de opinião terem essa mesma atitude?
Fernanda Guimarães – Acho que a importância do posicionamento tem que ser muito mais sobre o ato de se posicionar do que de convencer alguém a ter as mesmas ideologias que as nossas. Não é sobre concordar comigo, mas sobre questionar minimamente a sua posição como cidadão.
Cultue – Como está a resposta do público quanto ao Muído Potiguar?
Fernanda Guimarães – Tem sido bem bacana, todos ficam esperando a vez do próprio bairro. Todo mundo dá pitaco e se identifica com algo. Para mim, tem sido uma forma de conhecer minha cidade mais profundamente.
Cultue – Como surgiu a ideia do Muído Potiguar?
Haylene Dantas – A ideia surgiu principalmente para o potiguar conhecer mais da nossa história, nossas raízes e valorizar de onde a gente vem. E tudo isso ser contado a partir das histórias dos bairros, diz muito sobre nossas memórias, imaginários, vivência com festividades populares, vizinhança, amigos, fuxicos… o bairro é o verdadeiro Muído!
Cultue – Produzir conteúdo sobre a cidade é necessário?
Haylene Dantas – É necessário demais e eu digo que até urgente. Recebemos feedbacks muito positivos a cada episódio que vai ao ar. As pessoas se envolvem, criam expectativas sobre o olhar que virá sobre seu bairro, e tudo isso é feito a muitas mãos, há um processo colaborativo muito grande dentro da equipe do programa. E, sabendo que há um ponto forte quando trazemos a pegada de humor, percebemos que as pessoas gostam muito da parte histórica, se não tem muito, eles reclamam. Inclusive estamos repensando formatos para os bairros mais novos e que ainda não possuem essa bagagem de histórias, faremos essas histórias mesmo recentes serem contadas.
Cultue – Falar sobre a nossa cultura ajuda a fomentar a identidade local?
Haylene Dantas – Com certeza absoluta. O Muído Potiguar é um projeto tipicamente local. Estamos falando de uma média de 40 pessoas que trabalham na cadeia produtiva do audiovisual potiguar, a trilha sonora foi criada por Gabriel Souto e todas as músicas que entram também são 100% de artistas potiguares. Essa é uma forma de mostrar muito do que é produzido aqui no RN. Queremos levar alegria para a casa das pessoas, histórias memoráveis, um sentimento de orgulho por pertencer a esses lugares.
Cultue – Você acha que o programa tem ajudado a desmistificar preconceitos sobre os bairros de Natal? A exemplo do episódio de Felipe Camarão, que será veiculado no próximo dia 30?
Haylene Dantas – Acho que sim, sem muita pretensão, já que o Muído é um projeto muito recente e com apenas 20 minutos para retratar cada bairro, teríamos muito mais a falar de cada bairro, com certeza. Mas o que a gente tenta apresentar, principalmente nos bairros mais periféricos, é que existem projetos e pessoas muito comprometidas com o seu lugar no mundo, sempre. O episódio de Mãe Luiza, por exemplo, eu conheci a história de Padre Sabino [não vou dar spoiler, vão lá conferir]. Ele fez de tudo pela comunidade. Precisamos nos apegar as coisas boas e evidenciar como tem vida pulsante nesses lugares
Agora RN