quinta-feira , 5 dezembro 2024
Lar Internacional Moraes usou órgão do TSE para levantar informações sigilosas de contratado para obra em sua casa
Internacional

Moraes usou órgão do TSE para levantar informações sigilosas de contratado para obra em sua casa

Mensagens obtidas pela Folha mostram que Wellington Macedo, policial militar lotado no gabinete de Alexandre de Moraes no STF (Supremo Tribunal Federal), utilizou o órgão de combate à desinformação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para levantar informações sigilosas sobre uma pessoa que faria uma obra na casa do ministro.

As conversas entre o PM, responsável pela segurança de Moraes, e Eduardo Tagliaferro, então chefe da AEED (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação) do TSE, indicam o uso de banco de dados da Polícia Civil de São Paulo para as pesquisas de informações que não podem ser obtidas em plataformas de acesso público.

Foram acessados dados como endereço, telefone, filiação e histórico criminal do prestador de serviço.

Como mostrou a Folha, o PM também fez pedidos para a produção de relatórios ao setor de combate à desinformação do TSE. O uso da assessoria especial do TSE para questões relacionadas à segurança de Moraes está fora do escopo de atuação da estrutura do órgão.

A proteção de ministros do STF é de responsabilidade da Secretaria de Segurança do STF, formada por policiais judiciais e, quando necessário, reforçada com agentes de segurança de outras corporações, como a Polícia Federal.

No caso de ameaças a ministros, a praxe é que essa Secretaria de Segurança receba as informações e repasse para as autoridades competentes, seja a Polícia Federal ou as estaduais. Há a possibilidade de o próprio gabinete do ministro acionar a polícia diretamente com pedido de investigação por se tratar de suspeita de crime.

As mensagens que abordam o levantamento das informações indicam que os dados acessados eram sigilosos, o que contradiz a fala de Moraes no plenário do STF na quarta (14) quando ele afirmou que os dados solicitados pelo seu gabinete a AEED eram todos públicos.

Em 24 de fevereiro de 2023, o segurança do ministro encaminha o nome de uma pessoa e solicita que Tagliaferro levante a ficha criminal dele.

“Apenas se tem ou não passagem pela polícia”, pede o PM. “Boa tarde. De qual estado ele é? SP?”, responde Tagliaferro. “Ele é uma das pessoas que fará reforma no apt do Min”, afirma Wellington Macedo durante a conversa.

Cerca de uma hora depois do pedido, por volta das 16h30, Tagliaferro enviou um relatório intitulado “Consulta – Polícia Judiciária SP” e outro nomeado de “Registro Civil”.

Em seguida, ele encaminha também cópias de boletim de ocorrência em nome da pessoa indicada pelo segurança de Moraes.

Após encontrar um registro sobre um suposto homicídio na ficha criminal e levantar a possibilidade de ser um homônimo, Tagliaferro faz outras buscas e encontra informações sobre o processo e o cumprimento de pena pelo prestador de serviço.

“Excelente. Agora sim. Vou passar ao chefe”, diz o PM após receber as informações.

Folhapress

Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

UFRN amplia número de vagas e anuncia curso de graduação em Inteligência Artificial para 2025

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) anunciou a criação...

Foguete que será lançado de Parnamirim levará ao espaço mil cartas escritas por alunos

O foguete que será lançado na próxima sexta–feira 29 de Parnamirim, na Grande Natal, vai...

Bolsonaro alega perseguição e diz inquérito sobre tentativa de golpe é ‘historinha’

O ex-presidente Jair Bolsonaro classificou nesta tarde como “historinha” o inquérito que...

Elon Musk ironiza Janja após ser xingado pela primeira-dama: ‘Eles vão perder as próximas eleições’

O empresário Elon Musk, dono da Tesla, da SpaceX e do X, respondeu à...